sábado, 16 de maio de 2009

Fobia: a doença do medo

Daniela Batistella

Daniela W. Lopes


O medo é um sentimento comum a todas as pessoas e serve para proteger do perigo. Ter medo é humano, é um sentimento necessário ao homem, mas é preciso controlar esse sentimento para não se tornar refém dele. O medo deixa de ser normal quando o temor passa a ser desproporcional ao perigo que a situação oferece. “A pessoa deixa de fazer coisas para não se aproximar das situações que fazem parte do sintoma”, explica a psicóloga Gisele Dala Lana.

A fobia origina-se do grego phobia, que significa medo intenso, irracional, aversão e hostilidade diante de uma situação ou objeto que apresenta perigo. Pressionadas pelo sentimento do medo, muitas pessoas se veem obrigadas a mudar o estilo de vida. Ainda segundo a psicóloga, “um fóbico tenta evitar a situação que lhe deixa angustiado. Se seu medo estiver relacionado a um elevador, prefere ir pelas escadas, mesmo que sejam mais de dez andares. Se tiver medo de avião, pode preferir viajar dias de carro”.

O engenheiro Marco Antônio Soares pediu demissão da empresa de consultoria onde trabalhava por que tinha “pavor” de viajar de avião. “Eu sempre tive medo de avião, por diversas vezes consegui adiar as viagens, ir de ônibus ou carro, mas com o tempo as responsabilidades foram aumentando e fui obrigado a entrar num avião. Acho que só fui mesmo porque me pegaram de última hora e não houve como desistir, inventar uma história. Passei mal e precisei de atendimento médico. Na volta da viagem, pedi demissão”, conta ele.

Neurocientistas explicam que a causa da fobia pode estar relacionada com fatores biológicos, como um aumento do fluxo sanguíneo e maior metabolismo no lado direito do cérebro. Já Dala Lana, cita a teoria utilizada por Freud, que diz que o sintoma fóbico tem a ver com conflitos não resolvidos, a pessoa sente medo de algo que não consegue explicar o motivo e, por isso, evita ao máximo a situação temida.

Estima-se que cerca de 20% dos brasileiros, ou cerca de 30 milhões de pessoas sofram de transtornos fóbicos e ansiosos. Em geral surgem na infância ou adolescência, persistindo na idade adulta se não são tratados adequadamente. Atingindo com maior frequência as mulheres.

Tratamento:
O tratamento das fobias se faz com a associação de medicamentos e psicoterapia. Os medicamentos mais utilizados pertencem ao grupo dos antidepressivos. Os ansiolíticos também são indicados. A psicoterapia auxilia na compreensão de fatores que podem agravar ou perpetuar os sintomas fóbicos.

Tipos de fobias:
Existem três tipos básicos de fobias: a agorafobia, que inclui medo de espaços abertos, da presença de multidões, da dificuldade de escapar rapidamente para um local seguro (em geral a própria casa); a fobia social, quando a pessoa tem medo de se expor a outras pessoas que se encontram em grupos pequenos; e as fobias específicas, ou isoladas, são restritas a uma situação ou objeto específicos, tais como, animais inofensivos, altura, trovões e relâmpagos, voar, espaços fechados, doenças, dentista, sangue, entre outros.

Saiba mais:
Filme sobre fobias mistura cenas reais com ficção. Em Filmefobia, que entrou em cartaz em 1º de maio, o cineasta Kiko Goifman retrata seu pavor a sangue e brinca com a relação entre ficção e realidade.

Medo também foi tema de poesia de Carlos Drummond de Andrade. O Medo A obra “O Grito” de Edvard Munch (1863-1944) representa o medo intolerável de perder a razão.

* Gisele Dala Lana (CRP 07/15619) – Psicóloga formada pela Universidade de Passo Fundo.

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