(Fonte: Google Imagens) |
“Minhas mãos suam, o coração dispara, a saliva engrossa, fico inquieta, meu corpo enformiga e o medo toma conta de mim. Tenho a sensação que vou morrer”. Você já se imaginou sentindo isso tudo ao mesmo tempo?
O relato é da jovem Elise Regina Fernandes, 24 anos. Há um ano e meio ela sofre de transtorno ou síndrome do pânico, uma doença mental talvez pouco conhecida, porém, com grande incidência no mundo.
Elise Regina Fernandes (Foto: Jamile Trichês) |
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a síndrome atinge de 2% a 4% da população mundial. A doença é um transtorno psicológico caracterizado pela ocorrência de inesperadas crises de pânico e por uma expectativa ansiosa de ter novas crises. São períodos de intensa ansiedade, geralmente com início súbito e acompanhados por uma sensação de tragédia e perigo iminente.
O grau de sofrimento de uma pessoa que sofre com o transtorno é inimaginável. “Eu sempre tive muito medo de ter derrames ou parada cardíaca. Quando o medo me ataca eu fico paranoica. Na última crise que tive olhei para o meu braço e vi as minhas veias saltadas. Corri para o médico achando que fosse morrer por isso. Minhas veias estavam normais, mas o meu estado de ansiedade não me permitia enxergar o normal”, conta Elise.
A Psicóloga Carla Zonta explica que, na maioria das vezes, as crises de pânico iniciam com uma primeira reação de ansiedade. Esta sensação inicial ativa o medo em relação às reações que começam a ocorrer no corpo. “A pessoa que está em crise começa a pensar em uma série de coisas negativas: que vai desmaiar, que está ficando louca ou que vai morrer. Enquanto a pessoa está nesta situação, nada parece ou pode ser bom, mesmo que seja algo que ela espera por muito tempo”, explica.
Psicóloga Carla Zonta (foto: Jamile Trichês) |
Segundo Carla, a Síndrome do Pânico desperta, geralmente, em pessoas que sofreram ou passaram por algum evento traumático, podendo ser separação, doença, morte de alguém próximo, crises existenciais ou profissionais. No caso de Elise, por exemplo, ela esteve muito próxima da morte. “Me envolvi com uma galera da pesada. Eles eram fortes usuários de cocaína e eu quis acompanha-los na droga. Fiquei muito mal, tive uma overdose e fui parar no hospital. Fiquei em coma e por muito pouco não morri. A partir desse fato, as crises passaram a tomar conta de mim”, lembra.
Juliana Andreis Sabbi, 56 anos, há 20 com Síndrome do Pânico, conta o porquê de ter a doença. “Eu era casada e engravidei. Quando meu filho completou um ano e dois meses de idade, meu marido, que sofria com depressão, cometeu suicídio. Eu fiquei sem chão, queria morrer também. Passei um longo período da minha vida sem pisar fora de casa com medo de tudo e de todos. Nem ao meu filho conseguia dar atenção e tive que contar com a ajuda de meus pais, que praticamente criaram ele”.
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Tratamento
O psicólogo clínico da PUC-SP, Artur Scarpato, desenvolve desde 1995 um tratamento especializado para pessoas com Transtorno do Pânico. Em sua página eletrônica, ele dá detalhes da doença e explica as principais diretrizes para o tratamento:
- Etapa Educativa: compreender o que é o Pânico, assumindo a atitude certa para lidar com a ansiedade e as crises.
- Auto-gerenciamento: desenvolvendo a capacidade de auto-regulação.
- Aumentar a tolerância à excitação interna
- Desenvolver um "eu observador", permitindo diferenciar-se dos pensamentos ansiosos
- Desenvolver a capacidade de regulação emocional através dos vínculos.
- Elaborar outros processos psicológicos atuantes.
Apesar de muitos fazerem seu tratamento à base de remédios, o trabalho psicológico ainda é o mais indicado para a cura. “Os remédios podem ser apenas recursos auxiliares importantes para o controle das crises de pânico, trabalhando conjuntamente com a psicoterapia para ajudar na superação da Síndrome do Pânico”, cita Scarpato.
*Jamile Triches é acadêmica do VII Nível Curso de Jornalismo da UPF
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