sábado, 21 de novembro de 2009

Qual é a sua participação?


Liliane Ferri Berti, acadêmica de Jornalismo, VII nível.



Determinar o equilíbrio ideal entre a participação pública e privada no amplo cenário mundial é o desafio comum a todas as áreas e setores. Cidadão é o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado. Mas sentir-se cidadão abrange mais que isso. Ser cidadão é participar, tornar-se ativo, envolver-se na cidade em que participa e de um modo geral, no Estado em que vive. Nem sempre ser cidadão seria sentir a cidade em que mora, mas a cidade que vive em seu coração.

Quantas pessoas que residem próximas a nós, mas, que de uma forma ou de outra, para elas o importante é a cidade em que nasceram. As lembranças de quando brincavam, a escola que frequentavam, os seus amigos, seus parentes, o cinema, a rua de terra de seu bairro e as coisas mais diversas que fazem sentir o seu mundo interiorizado e o apego àquela cidade tão amada. E falar em cidade amada, significa ver seus defeitos, propor soluções e mesmo assim continuar amando.

Analisar uma cidade, seja ela qual for, é olhar como as pessoas nela vivem e como é a cultura existente naquele local. A estudante de Contabilidade, Elisiane Alves, 26, fala com muito amor sobre a cidade de onde vem, Serafina Correa. Para uns, diz ela, seria um local onde pessoas não se adaptariam a sua simplicidade, mas para ela, apesar de falhas que a cidade venha a ter, é a cidade que ela tanto ama, pois se sente um cidadão deste local, apesar de anos longe do local de seu nascimento e mais precisamente do local que tomou conta de seu coração.

Uma das coisas que seria algo próprio das cidades de uma forma geral, seria a invasão do espaço público pelo privado. Moradores se consideram donos de suas calçadas a ponto de transformá-las na continuidade de seu jardins, sequer sobrando espaço para os pedestres circularem. Muros circulados pelo verde das folhagens. Que bonito, que bom para a ecologia, se estes muros não fossem invadidos de tal forma que as pessoas deverão andar nas ruas e não mais nas calçadas pois não lhes sobraram espaços para isso.

A despreocupação com o público, neste caso, é de se repensar sobre como poderemos tornar um espaço mais agradável à população. E não mais que pedestres com carrinhos de bebês tenham que ir pela rua por não ter um espaço para circularem. Ou que as crianças possam andar sossegadas pelas calçadas sem a preocupação de se machucarem pois, ao invés de uma simples grama alguns moradores se acham no direito de invadirem um espaço público de suas calçadas plantando espinheiros. Seria mais viável que estes moradores recuassem seus muros e aí sim, transformassem a visão das calçadas mais agradáveis aos olhos e à respiração das pessoas. Que pudessem aproveitar melhor o ar do verde ali plantando e não se arranhar nos espinhos invadindo um espaço que é público.

Manter a identidade num mundo tão assustadoramente rápido. É o mesmo que dormimos de um jeito e acordarmos sem saber se somos os mesmos ou se as notícias que aconteceram durante a noite nos trazem novos deveres e outros direitos. A rapidez com que a Internet facilita a comunicação, é a mesma que faz com que tenhamos poucos recursos para acompanharmos o que está acontecendo no mundo. Poucos recursos, até fisicamente falando pois, o nosso aparelho biológico, não acompanha a agilidade premente que se faz necessária nos dias de hoje.

Como as grandes modificações ocorreram, a comunicação deixou de ter um espaço público visível e passou a se realizar de formas diversas. Com toda a tecnologia envolvida neste processo através de antenas parabólicas, de televisão, Internet, ela passou a ser mais rápida, mais efetiva e, às vezes, a válvula propulsora de grandes mudanças no comportamento dos povos e culturas. Apesar de toda esta agilidade, da necessidade premente da globalização, das modificações emergentes, os povos continuam mantendo sua identidade. As cidades continuam preservando o que de mais imperativo elas têm. Podemos ver como exemplo a "festa italiana" existente na cidade de Serafina Correa, que não perdeu sua identidade mas atinge a cada ano um público maior.

Como a comunicação pode ser efetiva num mundo com tanta diversidade ideológica e política, num mundo onde uns moram e outros apenas se alojam, num mundo onde as notícias nem chegam e neste mesmo mundo onde as notícias chegam quase que instantaneamente aos fatos estarem ocorrendo? Torna-se difícil estabelecer uma forma ideal, uma forma onde às pessoas tenham condições de manterem sua identidade e continuarem se comunicando de forma produtiva e positiva.

Observar uma cidade, seja ela qual for, é olhá-la de frente, como as pessoas nela vivem e como é a cultura existente naquele local. Pensar em Serafina Correa sem ver seus problemas é praticamente inviável, no entanto é preciso olhar de forma crítica e propor possíveis soluções.

Nenhum comentário: