sábado, 28 de novembro de 2009

O negro na sociedade

Ana Paula Marcolan, acadêmica de jornalismo, VII nível.

Após 121 anos da abolição da escravatura, o dia da consciência negra foi comemorado no último dia 20 de novembro e é dedicado a reflexão sobre a inserção do negro na sociedade. Mas será mesmo que isso acontece?

Todos sabem que o negro no passado era símbolo de escravidão, humilhação, submissão aos senhores do engenho, mas pouco a pouco este cenário foi mudando, dando lugar a liberdade, ao livre-arbítrio dessas pessoas.

Porém como tudo o que fizemos no passado reflete em nosso futuro, o racismo ainda deixa marcas muito forte na sociedade e na forma como os negros são vistos no meio social.

Até onde podemos levar o preconceito? Será que as cotas para negros diante da constatação de que as universidades brasileiras possuem uma maioria esmagadora de alunos brancos, não seria um preconceito com eles mesmos? Já que para ser aprovado são avaliadas as notas e não a raça do candidato?

O presidente do Instituto Regional do Negro de Passo Fundo, Joel Souza dos Santos, diz que o termo “consciência negra” veio da luta contra o racismo e o colonialismo. O movimento brasileiro lutou para que o dia da comemoração fosse dia 20, dada que lembra o aniversário da morte do líder Zumbi dos Palmares, e não do 13 de maio (data da falsa abolição).

Joel salienta que “nosso país ainda precisa assumir sua face negra, vimos á raça presente no candomblé, congadas, capoeira, maracatu, entre outras. Aqui na cidade temos entidade como a Associação Cultural de Mulheres Negras, Iren, Grupo de Trabalho de Negros Negras da Conlutas realizam diversas atividades para cultivar e manter viva às raízes negras”.

No dia 28 de setembro de 2002 foi aprovado o projeto de lei nº 071/2002 que institui a Semana da Consciência Negra no município de Passo Fundo. Segundo o vereador Luiz Miguel Scheis (PDT), o projeto foi elaborado pelo Movimento Negro de Passo Fundo, “esta data representa muito para o povo negro, é uma grande honra o nosso município ter aderido esta comemoração”, afirma.

Scheis lembra que o racismo foi importante para construir o capitalismo. Toda a riqueza dos Estados Unidos e Europa são fruto da escravidão e colonização dos países africanos, asiáticos e americanos.

A inclusão dos negros no mercado de trabalho e na sociedade ainda é um problema. Para Benhur Santos, diretor administrativo da Câmara dos Vereadores de Passo Fundo, as maiores queixas dos negros no poder público são a falta de oportunidades. “Temos ainda pessoas muito fechadas, que não aceitam o negro na sociedade, precisamos mudar isso. Diariamente recebemos pessoas reclamando de sofrer preconceito e isso afeta a vida financeira, privando muitas delas de terem uma melhor moradia, trabalho, etc”, destacou.
Para concluir coloco a citação de um trecho do poema de Genivaldo Pereira dos Santos que diz assim:

(...) Peleja por liberdade.

Sou negro na igualdade do ser.

Para o bem à nossa nação.

Porque acredito no valor de ser livre
Porque acredito na força do meu sangue numa canção que jamais será calada.

Sou negro porque a minha energia vem do meu coração.

E a minha alma jamais se entrega não.

Sou negro porque a noite sempre virá antecedendo o alvorecer de um novo dia.

Acreditando num povo afro-descendente que
ACORDA, LEVANTA E LUTA.

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