Afani Baruffi
Teve um fato nos meus tempos de escola básica que não virou pó nas minhas lembranças. Quando penso em adolescência e momentos de colégio me remeto aos bons professores, aos amigos fiéis, as brincadeiras no pátio na hora do recreio, mas também a atos violentos presenciados que me deixavam angustiada. Tinham umas meninas metidas que formavam um grupinho para agredir fisicamente outras meninas da escola. Eu repugnava tudo aquilo, principalmente quando as vítimas tinham vínculos de amizade comigo. Sentia muito ódio. Vontade de devolver na mesma moeda.
Vinícius Ribeiro, 13 anos, passa por situação parecida. Em uma conversa que tivemos dentro de uma padaria, o menino me conta que ao sair do ambiente escolar sente alívio e segurança: “Na sala de aula, no pátio da escola, nos corredores sou constantemente chamado de gordinho, de bolão, de bolo fofo. É muito constrangedor, mas eu vou superando graças ao apoio dos meus pais, que me orientam e me incentivam a vencer os preconceitos.”
Casos como o relato de Vinícius e o meu próprio relato caracterizam comportamentos agressivos e anti-sociais, dentro dos estudos sobre o problema da violência escolar. Bullying é o termo utilizado, de acordo com a literatura psicológica anglo-saxônica, para designar comportamentos como os contados.
Universalmente, o bullying é conceituado como sendo um “conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento, e executadas dentro de uma relação desigual de poder, tornando possível a intimidação da vítima”. Ridicularizações, intimidações, apelidos pejorativos, ameaças, perseguições, difamações, humilhações, são algumas das condutas empregadas por autores de “bullying”.
Segundo a psicóloga Marilise Lech os pais devem ficar atentos as mudanças no comportamento dos filhos, por mais insignificante que lhe pareça. Compartilhar o dia a dia na escola, ouvindo atentamente, sem críticas ou julgamentos. Ajudar a criança a expressar-se com segurança e confiança, evitando orientá-la ou revidá-la. “Isso tudo dá adesão para que os pais identifiquem se o seu filho está sendo a vítima ou o agressor/praticante. A partir disso fica mais fácil trabalhar positivamente”, argumenta a psicóloga.
“Conscientizar toda a comunidade educativa; Proporcionar atividades que trabalhem os sentimentos dos alunos, objetivando o resgate da saúde emocional; Desenvolver atividades solidárias, esportivas, culturais, manuais, visando canalizar a agressividade para ações proativas; Ensinar os alunos a conviver e respeitar as diferenças; Desenvolver a educação em valores humanos como a tolerância e a solidariedade, caminhos da paz são deveres que a escola precisa realizar para prevenir o bullying”.
De acordo uma matéria do programa Fantástico, disponível do site da globo.com na Cidade de Remanso, na Bahia, em fevereiro de 2004, um adolescente de 17 anos, armado com um revólver calibre 38, matou duas pessoas: um colega de escola, Farlei Bastos, de 13 anos, e Ana Paula Almeida, de 23, secretária do curso de informática onde ele estudou. De acordo com o delegado da cidade, Reginaldo Cezar Lima, ele sofria algumas brincadeiras que causavam certo rebaixamento de personalidade.
“Identificar o problema do bullying é a primeira medida que deve ser tomada com vista a reduzir a incidência desta forma de violência nas escolas”, reforça a psicóloga.
Vídeo: Programa Anti-Bullying - Educar para a Paz
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