sábado, 4 de julho de 2009

Tecnologia como técnica


Fernanda da Costa

A arte acompanhou os avanços culturais e filosóficos importando o contexto histórico para dentro da própria produção como qualidade intrínseca. O constante progresso e urbanização do início do século XX e a Primeira Guerra Mundial estavam presentes significativamente na produção artística moderna e nas vanguardas como o fauvismo, futurismo, cubismo, expressionismo, surrealismo e dadaísmo. A arte contemporânea do século XXI passou a ser uma convergência de estilos do que se produziu até então, mas não só. A arte contemporânea também possui vanguardas, e o mais interessante delas é que a inovação não é puramente estética, mas também técnica.

A tecnologia passou a ser técnica artística e o design passou a ser considerado arte e ocupar o vangloriado espaço de exposição em museus. Em Fevereiro deste ano, o Espaço Caixa Cultural do Rio de Janeiro expôs trabalhos do designer Rico Lins, entre eles, muitas capas de revistas – itens até então não considerados como arte. A arte produzida no computador desde a segunda metade do século XX passou, começou a perder, com o século XXI, o caráter pejorativo. A tecnologia passou a ser apenas mais uma técnica possível da produção artística.

Se a tecnologia como técnica fomentou a criação de vanguardas e hibridismos artísticos, como por exemplo a Bio art. A arte genética, muito bem representada pelos trabalhos do brasileiro, que atualmente reside nos Estados Unidos, Eduardo Kac. Eduardo propôs a criação de uma arte biologia, que manipula corpos vivos através da genética. "Specimen of Secrecy about Marvelous Discoveries" (Modelo de sigilo sobre Maravilhosos Descobrimentos) é uma série composta por obras que Kac chama de “biótopos”, pois as peças mudam em resposta ao metabolismo interno e as condições do ambiente em que são expostas. A obra “Move 36” explora as fronteiras permeáveis entre o humano e o não humano, em uma instalação que inclui uma fábrica criada especialmente para o trabalho, que a partir de um tabuleiro de xadrez feito de areia e terra, os espectadores podem ver projeções digitais. Apesar de experiências com forte conteúdo reflexivo sobre a condição humana – ou melhor, pós-humana, a produção mais comentada de Kac está no coelho florescente Alba, o “GFP Bunny”, um coelho cujos genes foram modificados, tornando-o cor verde florescente.

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