sexta-feira, 10 de junho de 2011

Hidroterapia não é disponibilizada pelo SUS, mas a prefeitura paga a conta

*Camila Pagno


A hidroterapia é um tratamento que auxilia pessoas com deficiência física e, em alguns casos de síndromes genéticas e doenças, a controlar os sintomas das enfermidades, proporcionando um aumento na qualidade de vida e a perspectiva de vida.


Embora seja um tratamento eficaz e muito benéfico, a hidroterapia não é disponibilizada pelo SUS. Em Carazinho, um grupo de mães uniu-se para conseguir o benefício. Isaura Pieri, mãe de Carina Pieri, conta como obteve o tratamento neste áudio.


Bruna, filha de Gisele Vargas, com a hidroterapeuta Josiane Campos
 Assim como Isaura, Gisele Vargas, há cerca de 7 anos, também leva sua filha Bruna à hidroterapia, duas vezes por semana. “Foi um pouco difícil, porque eu ia para Porto Alegre, na AACD. Aí, como era muito longe, o tempo de ida e de volta era muito cansativo e, em uma destas idas o carro da prefeitura estragou, um dos secretários da prefeitura nos socorreu. Foi aí que ele me orientou a tentar conseguir hidroterapeuta em Carazinho. Então fui à Prefeitura, falei com o secretário de Saúde e ele pediu pra eu ir a um médico, pedir o encaminhamento do SUS e foi aí que eu consegui”, relembra.


Sobre os resultados, Gisele garante que o desenvolvimento de sua filha, que, por problemas motores, não caminha e possui dificuldades na fala, melhorou muito com a hidroterapia. “Já que ela não caminha, os músculos, que ficam reforçados com a terapia, ajudam a proteger os ossos. Ela teve uma melhora de 100%. Todo mundo que conhece vê que está bem melhor”, assegura.

Como conseguir o tratamento


Nelci Martins, encarregada do setor de recursos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Carazinho e responsável pela hidroterapia, conta que 30 crianças são atendidas atualmente. Este atendimento, segundo ela, chegou às famílias, na maioria, por processo judicial solicitado por elas. “Para conseguir este tratamento deve-se procurar a Defensoria Pública. É um tratamento que não existe pelo SUS. Passa pelo médico especialista, ele solicita, passa por uma auditoria médica e, dependendo deste resultado, é dado o tratamento ou não”, relata.

Como é feita a manutenção

Mensalmente, as crianças apresentam o relatório de presença no tratamento, que é feito em uma clínica particular vencedora de licitação. “Se a criança não pode comparecer, por caso de internamento, por exemplo, é suspensa a hidroterapia, ou o caso de outros problemas de saúde, como pneumonia, que é bem comum no inverno, é suspenso e quando a criança melhorar ou quando o familiar da criança voltar com o laudo, continua o tratamento anterior”, informa Nelci. O custo, para a SMS, atualmente, é de cerca de R$7 mil por mês.

Benefícios


Fisioterapeuta especialista em fisioterapia aquática, Josiane Campos atende as crianças com recursos do município, há cinco anos. Segundo ela, há vários tipos de síndrome incluídas, “iniciando pelo autismo e outras síndromes genéticas indicadas, bem como paralisia cerebral, Trauma Raquimedular, Acidente Vascular Cerebral e casos geriátricos e ortopédicos, em que se indica a hidroterapia”.


Quanto aos exercícios, são passivos em alguns casos, como, por exemplo, os alongamentos e, em outros, os exercícios são ativos, “dependendo da necessidade do paciente. Uma pessoa com lesão medular, paraplégica, a gente vai fazer um exercício passivo, como a gente consegue, e ativo como ele conseguir fazer”.


Josiane afirma que os maiores benefícios promovidos, para o deficiente físico na hidroterapia, são a liberdade de movimento, por causa dos princípios físicos da água, que tem maior densidade, menor gravidade, atuando sobre o seu corpo; a liberdade nos movimentos, pois é mais fácil a gente controlar em um deficiente físico; melhora o controle do tônus muscular, porque, como é uma água morna, aquecida a cerca de 32 graus, é mais fácil termos este controle; diminui a dor, em alguns casos, e propicia maior alongamento, maior fortalecimento muscular e aumenta a qualidade de vida, inclusive pode aumentar até a perspectiva de vida em alguns casos.

Socialização entre as crianças
 A gratificação para as crianças, mães e familiares é indiscutível. E para quem paga os custos? Nelci conta que a SMS tem um histórico de cada criança, no qual consta o desenvolvimento, desde quando cada criança começou o tratamento. “Tinham muitos que não conseguiam nem sentar, não ficavam sentados sozinhos, não rolavam, e agora já conseguem sentar, já conseguem segurar um objeto, então tem o crescimento da criança também. Isto para nós é a gratificação”, conclui.


*Aluna do VII nível de Jornalismo Online

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