sábado, 21 de novembro de 2009

Condenada pela cultura?


Ana Paula Marcolan, acadêmica de jornalismo, VII nível




No mês passado acompanhamos a polêmica notícia da expulsão de Geisy Arruda, da Universidade Uniban de São Paulo, por estar usando um vestido curto. Muitas pessoas concordaram com a decisão da expulsão da aluna, outras não. Mas o que a psicologia fala sobre este comportamento? Existe alguma relação?

Por volta de 1950 surgiu a psicologia humanista, onde enfatizava as experiências conscientes, incluindo o potencial único de cada pessoa para o crescimento psicológico e auto direcionamento. O livre arbítrio.

Hoje a psicologia esta ligada diretamente ao comportamento humano das pessoas e os processos mentais. O que leva uma pessoa a usar um vestido curto para ir à faculdade? Segundo a psicóloga Mariana Poglia a cultura é o principal fator, pois através dela que definimos nossas atitudes, valores, comportamentos e transmitimos para outras pessoas inconscientemente.

“Não podemos generalizar as pessoas em psicologia, mas podemos avaliar através das roupas algumas características da personalidade das pessoas, algumas pessoas gostam de chamar mais atenção e se vestem com roupas mais chamativas, outras são mais discretas e se vestem de acordo”, afirma a doutora.

Outro fator que Poglia salienta é a identidade pessoal (tendência de personalidade) que é definida por feitos individuais, habilidades e realizações. As culturas coletivistas enfatizam as necessidades e os objetos do grupo em detrimento das necessidades e objetivos do indivíduo. O comportamento social é mais influenciado por normas culturais do que pelas preferências dos indivíduos. O eu é visto como interdependente dos outros.

A maneira como expressamos as qualidades humanas pode variar de cultura para cultura, de um país mais conservador para um mais liberal. A professora de design e projeto de moda da UPF (Universidade de Passo Fundo), Ana Maria Woltz, critica a postura que a Universidade teve com a aluna. “Vivemos num país avançado, não temos a cabeça fechada. Quantas outras Geisy existem por aí, até mesmo na UPF, meninas com minissaias, tops curtíssimos, etc, não concordo com essa decisão, pois nosso país nos permite a democracia”, diz Ana.

À medida que crescemos, aprendemos as normas ou regras de comportamento da nossa cultura. Nossa tendência é agir de acordo com essas normas sem pensar muito a respeito. Há aqueles que optam em mudar a sua identidade com o decorrer do tempo, por exemplo, as pessoas integrantes do movimento Emo, vestidas de preto representam um estilo próprio, uma maneira de ser e agir.

O fato de estar ou não em um ambiente privado, não muda o comportamento da maioria das pessoas. Quer consideremos os estilos de roupas, cabelos, tudo se transforma em algo natural para aquela ocasião. “Depende muito de como a pessoa quer ser vista, posso colocar uma roupa igual à Geisy e não passar a mesma mensagem que ela passou, vai muito da cultura e da maneira como ela se comporta perante as outras pessoas”, argumenta Woltz.

Isto pode levar ao preconceito na maneira de como entender o comportamento do outro. O exagero leva a intolerância em relação a outras culturas. A sociedade ainda julga pelo que as pessoas representam. Em uma entrevista de emprego, por exemplo, dependendo de como o candidato se portar-se frente ao entrevistador, isto pode interferir e decidir no resultado final da contratação ou não da pessoa.

Vale a dica: se uma pessoa vai trabalhar deve usar algo de acordo com o ambiente de trabalho, se vai pra balada, outra.

Poglia conclui que a aparência não influencia o caráter, mas a personalidade do individuo. Por isso as pessoas devem manter seu estilo, tomando cuidado com o exagero e procurar se adaptar com a sociedade para conviver bem e não ser condenada pela sua cultura.

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